Filmes

"Como Estrelas na Terra, toda criança é especial"

 
Link do filme https://www.youtube.com/watch?v=oTqMHlBHQyQ
 
Artigo por Mislene dos Santos Pinheiro - quinta-feira, 2 de maio de 2013
 

Esse filme foi dirigido por Aamir Khan com o título original “Taare Zameen Par – Every Child is Special”, o lançamento foi em 2007 e se passa na Índia, conta a história de um menino chamado Ishaan Awasthi, ele sofre de dislexia estuda em uma escola normal e repetiu uma vez a terceira série e corre o risco de repetir novamente. O menino com apenas nove anos não consegue acompanhar a turma. O pai de Ishaan como todos de seu convívio não percebem que ele apresenta um distúrbio de aprendizagem, assim a criança sofre com o despreparo dos professores e colegas, além da rigidez e agressividade do pai.   

O pai é chamado pela diretora para conversar, diante de tantas reclamações decide colocar seu filho em um internato. O menino sofre, não consegue entender atitude de seu pai e acha que foi excluído da família por apresentar dificuldades em aprender e entende essa atitude como um castigo. Fica desmotivado por ninguém o compreender, perde a vontade de aprender e de ser uma criança, sente falta de sua mãe e seu irmão e quer voltar para casa.  O internato mantém uma filosofia baseada na disciplina, onde as regras devem ser cumpridas.

Tudo se modificou com a chegada do professor Ram Shankar Nikumbh para substituir o professor de artes, ele acredita nas diferentes habilidades em que cada criança apresenta e faz de sua aula um momento divertido onde as crianças tem sua atenção voltada para o que o professor ensina, diferente da metodologia dos outros professores e da escola que era tradicionalista. 

Ao conhecer Ishaan o professor percebe que o menino sofre de dislexia e decide ajudá-lo, foi até a casa de Ishaan para conversar com seus pais. Esse não era um problema desconhecido pelo educador, pois trabalhava em outra escola que atendia crianças com necessidades especiais. Ele ensinou Ishaan a ler e escrever fora dos horários de aula e a partir desse momento o menino se sente motivado e se empenha nos estudos mostrando um resultado positivo. O filme preconiza a importância do professor para seus alunos, como podem trabalhar de forma criativa onde todos se sentem valorizados cada um mostrando suas habilidades dentro do que lhe é possível.

Esse filme nos retrata ao capítulo 7 “Educação escolar para todos do componente Necessidades educativas infantis onde é preconizado a inclusão e a participação ativa e efetiva de todos os alunos no processo de aprendizagem. A normalização, integração e inclusão possibilitam a convivência com as diferenças e contribui com a criação de diferentes espaços nas escolas regulares.

Os professores devem investir em sua aprendizagem tornando sua formação decisiva, essa formação deverá possibilitar o seu desenvolvimento como pessoa, com profissional e como cidadão, assumindo na sua prática social o exercer da intervenção para transformar, por isso merece atenção especial. Os futuros educadores devem saber lidar com esses problemas no contexto escolar, para poder encontrar meios e soluções para trabalhar com essa e as demais deficiências. As escolas devem se prepara para receber esse aluno e os professores devem investir em sua formação para que possa ensinar a todos com qualidade favorecendo o processo de inclusão.

É essencial para criança essa atenção vinda do educador, isso valoriza o ambiente de aprendizagem e a criança consegue sentir prazer em aprender, os pais devem contribuir e participar mais da vida escolar do aluno, todos trabalhando em equipe favorece o crescimento da criança, do profissional e da família podendo assim obter uma melhoria, resultados positivos e significativos. Todos os profissionais da educação devem assistir ao filme, pois retrata a realidade das escolas e contribui tanto para o crescimento profissional quanto para o crescimento pessoal.


Sobre o filme:
KHAN, Aamir. 2007. Como Estrelas na Terra – Toda criança é especial. Índia: Estúdio/Distrib: Aamir Khan Productions.


Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado 
https://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/47245/resenha-do-filme-como-estrelas-na-terra-toda-crianca-e-especial#ixzz3ay9uImbq

Fonte: PORTAL EDUCAÇÃO - Cursos Online : Mais de 1000 cursos online com certificado 
https://www.portaleducacao.com.br/educacao/artigos/47245/resenha-do-filme-como-estrelas-na-terra-toda-crianca-e-especial#ixzz3ay9obMGN
 
 

"Entre os muros da escola"

 
Link do filme https://www.youtube.com/watch?v=rICBmbf5Pak
 
 

por: Regis Argüelles
Mestrando em Educação pelo PPGE/UFRJ,
professor de História das redes municipais de Duque de Caxias(RJ) e Teresópolis(RJ), ex-pesquisador do TEMPO/UFRJ.
 
Ganhador da Palma de Ouro do Festival de Cannes em 2008, “Entre os Muros da Escola”, dirigido por Laurent Cantet, busca desvelar o dia-a-dia de uma escola francesa contemporânea. Fazendo uso de técnicas de documentário e de atores que são os próprios personagens na vida real, o filme mostra força ao tratar de forma contudente problemas educacionais que vão além da realidade francesa. Nesse sentido, o flime pode ser visto como importante painel de desafios colocados à mesa dos educadores de hoje.

Há, todavia, dentro do campo da sociologia da educação, uma forte crítica em relação a esses paradigmas. Em primeiro lugar, questiona-se o caráter meritocrático da educação, dado o  adensamento da população escolar no mundo ocidental a partir da segunda metade do século passado. Esse adensamento, na verdade, representa a entrada maciça das classes trabalhadoras na educação formal, de acordo com a definição  de que a igualdade de oportunidades supõe a igualdade de acesso. A expansão do ensino a “todos” instauraria aí o regime de livre competição, no qual se sobressaem, naturalmente, os melhores. Esse modelo, entretanto, gerou decepção, já que constatou-se que as desigualdades sociais são elemento fundamental na definição de desigualdades escolares. Na maioria dos casos, a “escola para todos” confirma as desigualdades sociais, funcionando mais como um elemento de reprodução do que como ferramenta de produção de justiça social. O crescimento da população escolar, e também a expansão da escolaridade mínima obrigatória, definem uma segunda questão, que se coloca à escola contemporânea: como o ensino formal deve lidar com os diferentes grupos sociais, ou seja, que valores a escola deve definir como fundamentais na formação do sujeito? E, mais ainda, quais são os limites dessa educação escolar, dados os outros elementos constitutivos desse mesmo sujeito, tais como origem de classe e família, dentre outros?

 “Entre os Muros da Escola” aborda essas diversas questões, apresentando os conflitos presentes em uma unidade escolar de um subúrbio de  Paris. A narrativa concentra-se em uma turma de 8º ano, mais precisamente nas aulas de francês ministradas por François Marin (François Bégaudeau), e desdobra-se nas próprias relações diárias que se dão entre os diferentes atores presentes em um ambiente escolar: alunos, direção, professores, pessoal de apoio.

Marin se apresenta como um professor dedicado que, entretanto, esbarra na resistência à cultura escolar por parte de seus alunos, bem como nos conflitos presentes em uma turma composta, em sua maioria, por alunos oriundos de famílias imigrantes. Esses conflitos e resistências aparecem, continuamente, na sala de aula, envolvendo Marin e seus alunos e, muitas vezes, os próprios alunos entre si. Representações de racismo, sexismo, disputa entre identidades nacionais e preconceito de classe  são, então, comuns nesse espaço, e reverberam em todas as instâncias da escola.

O diretor Laurent Cantet busca fugir das armadilhas de estabelecer juízos de valor aos diversos atores envolvidos no conflito. Assim, “Entre os Muros da Escola” pode ser visto como uma crítica, até certo ponto ácida, dirigida a professores, alunos e diretores, bem como ao sistema educacional francês. Não há, no filme, a definição clara de quem são os bons e os maus na arena de conflito e, por conta disso, Cantet escapa de produzir uma obra partenalista em relação à escola, ou a algum de seus agentes. Esse é um dos grandes méritos do filme.

Apesar de retratar o microcosmo de um problema da escola francesa comtemporânea, a denúncia feita em “Entre os muros da escola” pode ser transplantada para outras realidades, como a brasileira. Afinal, podemos dizer que estamos diante, no Brasil,  de um quadro de universalização do ensino fundamental, bem como de expansão gradativa do ensino médio, ambos com participação majoritária da escola pública. Esse aumento do acesso tem desvelado problemas estruturais do nosso sistema de ensino, principalmente no que diz respeito à qualidade e à natureza do ensino oferecido aos filhos das classes menos favorecidas. Os limites da escola pública brasileira, sejam no sentido de ferramenta de superação de desigualdades sociais, ou na de formação da “cidadania”, devem ser percebidos em relação à outras esferas sociais que, por conta de sua imensa complexidade e desigualdade, produzem conflito. Perceber a dimensão conflitiva e contraditória da escola, na forma como é representada pelo filme, é de fundamental importância para se repensar o papel dessa instituição. Afinal, a tarefa de construção de uma escola democrática e, acima de tudo, socialmente relevante, demanda uma análise que, antes de tudo, deve se alicerçar em uma postura essencialmente historicizada e crítica.
 
 
ARGÜELLES, Regis. RESENHA - CANTET, Laurent. Entre os Muros da Escola Rio de Janeiro: Revista Eletrônica Boletim do TEMPO, Ano 4, Nº14, Rio, 2009 [ISSN 1981-3384]